Vaticano encerrou na noite desta sexta-feira, 25, o velório público do papa Francisco, marcando o fim de uma despedida que mobilizou cerca de 250 mil fiéis de todo o mundo na Basílica de São Pedro. O caixão do pontífice foi fechado às 20h, horário local (15h em Brasília), em uma cerimônia reservada, presidida pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Igreja Romana, e acompanhada por membros próximos da Igreja e familiares.
O ritual seguiu o tradicional Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, que dita os protocolos para funerais papais. Durante o rito, o mestre das celebrações litúrgicas, arcebispo Diego Ravelli, leu em latim o “Rogito”, documento que narra a vida e o legado de Francisco, e que foi depositado junto ao corpo no caixão. O rosto do papa foi coberto com um véu de seda branca, e o corpo recebeu a aspersão de água benta. Também foram colocadas moedas e medalhas cunhadas ao longo dos 12 anos de pontificado, além do documento oficial do Vaticano.
Caixão de Francisco, feito de madeira e revestido de zinco, foi selado com os símbolos oficiais do camerlengo, da Casa Pontifícia, do Ofício das Celebrações Litúrgicas e do Capítulo Vaticano – um pedido pessoal do papa, que optou por um modelo mais simples do que o de seus antecessores, tradicionalmente enterrados em três caixões interligados de cipreste, chumbo e carvalho.
A visitação pública foi encerrada uma hora antes do rito, e as últimas filas de fiéis puderam entrar na basílica até as 19h. O corpo de Francisco, vestido com casula vermelha, mitra branca e um rosário nas mãos, foi preparado para a missa solene das exéquias, marcada para este sábado, 26, às 10h (5h em Brasília), na Praça de São Pedro. A cerimônia será conduzida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, e marca o início do Novendiali, período de nove dias de luto e orações em homenagem ao papa.
Após a missa, o caixão será levado em procissão por cerca de seis quilômetros até a Basílica de Santa Maria Maior, onde ocorrerá o sepultamento. O cortejo passará por pontos históricos de Roma, como o Coliseu, e deve reunir mais de 200 mil pessoas, incluindo chefes de Estado, membros de famílias reais e um grupo de pessoas em situação de vulnerabilidade, convidados especialmente para prestar a última homenagem ao pontífice.
A decisão de Francisco de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, e não nas tradicionais criptas papais da Basílica de São Pedro, é carregada de simbolismo. O templo, erguido no século V no Monte Esquilino, é uma das quatro basílicas papais de Roma e o maior santuário mariano do Ocidente. Segundo a tradição, sua fundação foi inspirada por um milagre: uma nevasca em pleno verão romano teria indicado o local exato para a construção, após um sonho compartilhado pelo papa Libério e o patrício João.
Santa Maria Maior abriga relíquias de grande importância para o catolicismo, como o ícone “Salus Populi Romani”, associado a São Lucas, e fragmentos da manjedoura de Jesus. Ao longo dos séculos, sete papas foram enterrados ali – o último, Clemente IX, em 1669. Francisco, que cultivava profunda devoção mariana, visitava o local antes e depois de cada viagem apostólica, reforçando sua ligação pessoal com a basílic.
Chefes de Estado, monarcas e personalidades confirmadas
O funeral do papa Francisco, reunirá uma impressionante lista de líderes mundiais, monarcas e autoridades de diferentes continentes, evidenciando o alcance global do pontificado de Jorge Mario Bergoglio. Segundo o Vaticano, 130 delegações estrangeiras estão confirmadas, incluindo 50 chefes de Estado e 10 monarcas, além de representantes de organismos internacionais como a ONU.
Entre as personalidades internacionais confirmadas para o funeral do papa Francisco, o secretário-geral da ONU, António Guterres, estará presente representando os organismos multilaterais. Das Américas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparece acompanhado da primeira-dama Janja, além de uma ampla comitiva que inclui os presidentes do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, bem como ministros como Mauro Vieira, Ricardo Lewandowski, Paulo Teixeira e Macaé Evaristo. Também dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump e a primeira-dama Melania confirmaram presença, assim como Javier Milei, presidente da Argentina, que estará acompanhado da irmã Karina e de ministros, incluindo Gerardo Werthein, e Xiomara Castro, presidente de Honduras.
Na Europa, o presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o príncipe William, que representa o rei Charles III, estarão entre os presentes. A Alemanha será representada pelo chanceler Olaf Scholz e pelo presidente Frank-Walter Steinmeier, enquanto a Ucrânia terá a presença do presidente Volodymyr Zelensky. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, Antonio Costa, presidente do Conselho Europeu, e Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, também integram a lista de autoridades, assim como o rei Philippe, a rainha Mathilde e o primeiro-ministro Bart De Wever, da Bélgica. Da Itália, estarão o presidente Sergio Mattarella e a primeira-ministra Giorgia Meloni, e da Espanha, o rei Felipe e a rainha Letizia. Outros chefes de Estado e representantes de países como Portugal, Hungria, Romênia, Suíça, Lituânia, Letônia e Polônia também confirmaram presença.
Entre os líderes da Ásia e Oceania, José Ramos-Horta, presidente do Timor-Leste, integra a delegação. Em relação às ausências, Vladimir Putin, presidente da Rússia, não estará presente, mas o país deve enviar outro representante, enquanto Claudia Sheinbaum, presidente do México, será representada pela secretária do Interior, Rosa Icela Rodríguez.
No grupo da realeza, além dos já citados reis e rainhas da Bélgica, Espanha e do príncipe William pelo Reino Unido, outros monarcas europeus e do Oriente Médio também confirmaram presença, totalizando dez representantes da nobreza internacional.
