A loja oficial de produtos de Donald Trump surpreendeu nesta quinta-feira ao colocar à venda bonés vermelhos com a inscrição “Trump 2028”, mesmo ano da próxima eleição presidencial dos Estados Unidos. O item, vendido por 50 dólares, rapidamente chamou atenção nas redes sociais, especialmente após Eric Trump, filho do ex-presidente, publicar uma foto usando o acessório e provocar apoiadores com a frase “nunca diga nunca”.
O lançamento do boné ocorre em meio a uma série de pesquisas negativas para Trump, que se aproxima dos 100 primeiros dias de seu segundo mandato enfrentando queda de popularidade e críticas à condução da economia e da política tarifária. Ainda assim, a equipe de comunicação do ex-presidente aposta no item como mais um símbolo de mobilização de sua base, repetindo a estratégia dos famosos bonés “Make America Great Again”.
Apesar da provocação estampada no boné, a Constituição dos Estados Unidos é clara: o 22º Emenda proíbe que qualquer pessoa seja eleita presidente mais de duas vezes. Essa regra foi estabelecida em 1951, após Franklin D. Roosevelt quebrar a tradição e ser eleito para quatro mandatos consecutivos durante a Segunda Guerra Mundial. Desde então, nenhum presidente pôde legalmente buscar um terceiro mandato.
Mesmo assim, Trump tem flertado publicamente com a ideia de disputar novamente em 2028. Em entrevistas recentes, afirmou não estar “brincando” sobre a possibilidade e sugeriu que “há métodos” para contornar a limitação constitucional, sem detalhar quais seriam essas alternativas. Entre aliados, há quem defenda mudanças na Constituição para permitir um terceiro mandato, mas especialistas e congressistas consideram a hipótese praticamente impossível diante do alto grau de exigência para alterar emendas constitucionais nos EUA: seria necessário apoio de dois terços do Congresso e ratificação por três quartos dos estados, cenário politicamente inviável no atual contexto polarizado.
Provocação política e estratégia de marketing
Boné “Trump 2028” rapidamente se tornou tema de debate. Para apoiadores, é uma forma de desafiar adversários e manter o nome do ex-presidente em evidência. Para críticos, trata-se de mais uma provocação que ignora limites constitucionais e alimenta teorias sobre tentativas de perpetuação no poder.
A descrição original do produto chegou a sugerir “reescrever as regras”, mas foi suavizada posteriormente, indicando que a equipe de Trump percebeu o risco de associar o item a uma campanha real pela mudança da Constituição. Ainda assim, a estratégia de vender produtos polêmicos não é novidade para Trump, que já usou bonés, camisetas e outros itens para mobilizar sua base e provocar adversários em outras ocasiões
