Ao atingir a marca simbólica de 100 dias em seu segundo mandato, Donald Trump se mostra confiante e afirma estar “passando um ótimo momento”, apesar de enfrentar uma onda de rejeição e turbulências políticas que se refletem em sua popularidade historicamente baixa. O presidente, que busca reviver a energia de seus comícios de campanha, retorna a Warren, no Michigan, estado crucial para sua reeleição, em busca do entusiasmo de sua base fiel.
Um governo de rupturas e impulsos
Trump, que declarou à revista The Atlantic que agora “dirige o país e o mundo”, governa de maneira ainda mais centralizadora e impulsiva do que em seu primeiro mandato. Rodeado apenas por aliados leais, o presidente tem dado vazão a suas principais bandeiras: endurecimento migratório, aumento de tarifas de importação, ataques a políticas ambientais e ofensivas contra universidades e escritórios de advocacia. Em 100 dias, já assinou mais de 140 decretos, muitos deles contestados judicialmente, o que gerou um confronto inédito com o Judiciário.
No Salão Oval, Trump adotou um estilo ainda mais ostentoso, substituindo quadros de Barack Obama por imagens ligadas ao atentado sofrido por ele próprio e acumulando ornamentos dourados, símbolo de sua marca pessoal.
Popularidade em queda livre e rejeição recorde
Apesar do discurso triunfalista, os números mostram um cenário adverso para o presidente. Pesquisas recentes apontam que apenas 39% dos americanos aprovam sua gestão, enquanto 55% desaprovam – o pior índice para um presidente americano aos 100 dias desde a Segunda Guerra Mundial. Entre republicanos, o apoio ainda é majoritário, mas já há sinais de desgaste, inclusive entre eleitores brancos sem diploma universitário, tradicionalmente fiéis ao ex-empresário.
A insatisfação é alimentada principalmente por sua política econômica e comercial. O aumento de tarifas de importação, anunciado como forma de proteger a indústria nacional, não trouxe os resultados prometidos: 73% dos americanos consideram a economia em má situação, 53% dizem que piorou desde janeiro, e só 31% aprovam as medidas para conter o custo de vida. O temor de recessão é alto: 72% acreditam que as políticas de Trump podem causar uma crise econômica em breve.
Divisão interna e rejeição internacional
Trump governa em meio a uma polarização extrema. Seus apoiadores seguem leais e veem no presidente alguém que “sabe o que faz”. Já seus opositores o acusam de atacar instituições democráticas e de buscar ampliar excessivamente os poderes presidenciais – 64% dos americanos acham que ele vai “longe demais” nesse objetivo.
No cenário internacional, o presidente redefiniu alianças e tensões. A promessa de acabar rapidamente com a guerra na Ucrânia não se concretizou, e os Estados Unidos interromperam a ajuda militar a Kiev, o que gerou críticas até entre republicanos. O distanciamento de aliados tradicionais e a imposição de tarifas a parceiros como Canadá e México aumentaram o isolamento americano e a instabilidade nos mercados globais.