O cenário geopolítico europeu foi agitado recentemente pelas declarações controversas do primeiro-ministro da Bélgica, Bart De Wever, sobre a possibilidade de enviar tropas belgas à Ucrânia. Em entrevista à emissora VTM NIEUWS, De Wever surpreendeu ao afirmar que consideraria “lógico” o envio de soldados belgas caso a União Europeia tome essa decisão.
No entanto, o primeiro-ministro foi cauteloso ao estabelecer condições para tal ação. De Wever enfatizou que o envio de tropas só ocorreria mediante a existência de um acordo de paz com garantias de segurança suficientes, o apoio dos Estados Unidos e uma decisão conjunta da União Europeia. Ele ressaltou que ainda estamos longe de atingir essas condições, indicando que tal medida não é iminente.
Além da questão do envio de tropas, De Wever abordou outros aspectos da cooperação militar com a Ucrânia. O primeiro-ministro não descartou a possibilidade de enviar caças F-16 belgas para a Ucrânia ainda este ano. Inicialmente, esses aviões serviriam principalmente para fornecer peças de reposição para F-16 holandeses e dinamarqueses já em posse da Ucrânia. Vale lembrar que em maio do ano passado, Bélgica e Ucrânia firmaram um acordo de segurança bilateral, que inclui o fornecimento de F-16 como parte da “coalizão de caças” liderada pela Dinamarca e Holanda.
Posicionamento de De Wever ocorre em um momento crucial para a segurança europeia. Líderes da UE se reúnem em Bruxelas para discutir o apoio à Ucrânia e o rearmamento da Europa, havendo um consenso entre os líderes europeus sobre a necessidade de investimentos massivos em autodefesa. A Bélgica, por sua vez, se comprometeu a aumentar seus gastos com defesa para 2% do PIB até 2029, embora atualmente invista apenas 1,3%.
As declarações do primeiro-ministro belga adicionam um novo elemento ao debate sobre o envolvimento europeu no conflito ucraniano, levantando questões sobre os limites da assistência militar e as implicações de uma possível presença de tropas da UE em solo ucraniano. Essa postura reflete uma mudança significativa na abordagem europeia em relação ao conflito, indicando uma disposição crescente dos países do continente em assumir um papel mais ativo na defesa regional.
A possibilidade, ainda que condicional, de envio de tropas europeias à Ucrânia representa uma potencial escalada no envolvimento direto da UE no conflito. Tal cenário poderia ter implicações geopolíticas significativas e possivelmente aumentar as tensões com a Rússia. Paralelamente, o debate sobre o rearmamento da Europa e o aumento dos gastos com defesa ganha força, com a proposta da Comissão Europeia de investir até 800 bilhões de euros nos próximos quatro anos para fortalecer as capacidades militares do bloco.mento ao debate sobre o envolvimento europeu no conflito ucraniano, levantando questões sobre os limites da assistência militar e as implicações de uma possível presença de tropas da UE em solo ucraniano.