O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta segunda-feira uma trégua militar de três dias na Ucrânia, programada para ocorrer entre 8 e 10 de maio, em razão das comemorações dos 80 anos da vitória sobre a Alemanha nazista. Segundo o Kremlin, a decisão tem caráter humanitário e visa marcar o Dia da Vitória, celebrado com grande destaque na Rússia em 9 de maio. No entanto, Moscou advertiu que responderá de forma “adequada e eficaz” caso as forças ucranianas descumpram o cessar-fogo.
Enquanto isso, a Ucrânia reagiu com ceticismo à proposta russa, classificando a duração da trégua como insuficiente e cobrando de Moscou a aceitação imediata de um cessar-fogo global, com duração mínima de 30 dias. O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Andriï Sybiga, questionou publicamente o motivo de se aguardar até 8 de maio para interromper os combates, reiterando que Kiev está disposta a apoiar uma trégua ampla e duradoura, proposta que, segundo ele, vem sendo apresentada de forma constante pelo governo ucraniano.
A proposta de Putin ocorre em um contexto de impasse nas negociações de paz, já que a Rússia mantém exigências consideradas maximalistas, como a rendição da Ucrânia, o abandono do plano de adesão à Otan e o reconhecimento internacional da anexação da Crimeia e de outras quatro regiões ucranianas ocupadas parcialmente por tropas russas desde 2022. O governo russo afirma estar pronto para negociar sem pré-condições, mas insiste que a soberania russa sobre esses territórios seja reconhecida, o que Kiev recusa terminantemente.
Anúncio da trégua temporária foi recebido com reservas também pelos Estados Unidos. A Casa Branca, por meio da porta-voz Karoline Leavitt, declarou que o presidente Donald Trump defende um cessar-fogo “permanente” na Ucrânia, não apenas uma pausa de três dias. Segundo ela, Trump acredita que um acordo é possível, mas que tanto Putin quanto o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky precisam sentar-se à mesa de negociações para chegar a uma solução definitiva para o conflito.
Trégua de maio não é a primeira anunciada por Moscou. Em abril, durante as celebrações da Páscoa ortodoxa, Putin já havia decretado um cessar-fogo de 30 horas, que foi rapidamente rompido, com ambos os lados se acusando de violações, embora relatos apontem para uma breve redução da intensidade dos combates em algumas regiões do front.
Impasse se acirra à medida que a guerra entra em seu terceiro ano, com dezenas de milhares de mortos entre civis e militares e sem perspectiva clara de resolução. Enquanto a Rússia tenta associar a trégua a datas simbólicas e reforça sua disposição para negociações sob condições rígidas, a Ucrânia e seus aliados pressionam por um cessar-fogo mais amplo e duradouro, que possa abrir caminho para um acordo de paz real e sustentável.