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FDA autoriza primeiro teste de fígado de porco para tratar falência hepática em humanos

A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, aprovou o primeiro ensaio clínico para testar a segurança do uso de fígados de porcos geneticamente modificados em pessoas com falência hepática aguda. O estudo, que será conduzido pelas empresas eGenesis (EUA) e OrganOx (Reino Unido), representa um marco na área da xenotransplante — o uso de órgãos de animais em humanos — e pode abrir caminho para novas alternativas de tratamento diante da escassez global de doadores humanos.

Como será o teste

Diferente de um transplante tradicional, o fígado suíno não será implantado no corpo do paciente. Em vez disso, quatro pessoas com falência hepática grave, que não têm indicação para transplante humano, serão conectadas temporariamente a um fígado de porco externo. O órgão funcionará como um filtro, retirando toxinas do sangue por até 72 horas, durante um período de duas semanas. O objetivo é dar tempo para que o fígado do próprio paciente se recupere, funcionando como uma espécie de “ponte” até a melhora ou até que um órgão humano esteja disponível.

Após o procedimento, os participantes serão monitorados por um ano para avaliar a segurança e possíveis mudanças na função hepática. O estudo inicial prevê a inclusão de até 20 pacientes em unidades de terapia intensiva.

Por que porcos geneticamente modificados?

Os porcos utilizados são criados em ambientes controlados e passam por edição genética para reduzir o risco de rejeição pelo sistema imunológico humano e eliminar vírus que poderiam ser transmitidos durante o procedimento. A tecnologia de edição genética, como o CRISPR, permite modificar dezenas de genes para tornar os órgãos mais compatíveis com o corpo humano e mais seguros para uso clínico.

O desafio da escassez de órgãos

A escassez de órgãos para transplante é um problema global. Só nos Estados Unidos, cerca de 35 mil pessoas são hospitalizadas anualmente por falência hepática aguda, com taxas de mortalidade que chegam a 50%. Muitos pacientes não conseguem um órgão compatível a tempo ou não são elegíveis para transplante. A xenotransplante surge como uma alternativa promissora para ampliar a oferta de órgãos e salvar vidas.

Riscos e desafios éticos

Apesar do avanço, a xenotransplante ainda enfrenta desafios importantes. Entre eles, o risco de transmissão de vírus animais para humanos, a possibilidade de rejeição do órgão e questões éticas sobre o uso de animais para fins médicos. Por isso, os pacientes que participam desses estudos são monitorados de forma rigorosa e, em alguns casos, por toda a vida.

Além disso, há debates sobre o bem-estar dos animais utilizados, já que porcos são criados em ambientes estéreis e passam por procedimentos invasivos. Especialistas também discutem a seleção dos pacientes para esses testes, geralmente pessoas em estado grave e sem outras opções terapêuticas.

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