O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saudou a decisão da União Europeia (UE) de suspender por 90 dias suas medidas de retaliação contra as tarifas americanas, enquanto reiterava sua postura crítica em relação ao bloco europeu. A medida foi anunciada após Trump ter suspendido temporariamente parte das tarifas impostas a parceiros comerciais.
Trump declarou que a UE foi “muito inteligente” ao adiar as represálias. “Eles estavam prontos para anunciar medidas de retaliação, mas ao perceberem o que fizemos em relação à China e outros países, decidiram esperar um pouco”, afirmou durante uma reunião ministerial. Ele também reforçou sua opinião de que a UE foi criada para “tirar vantagem dos Estados Unidos”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou a suspensão das contra-medidas e destacou que o trabalho preparatório para novas ações continua. “Todas as opções permanecem na mesa”, disse Von der Leyen, enquanto o bloco busca alternativas diante das tarifas “recíprocas” americanas.
Escalada nas tarifas contra a China
No mesmo dia, Trump aumentou ainda mais as tarifas sobre produtos chineses, elevando-as de 125% para 145%. Segundo um decreto da Casa Branca, os novos valores se somam às taxas de 20% já vigentes desde março, como parte das ações contra o tráfico de fentanil. A medida intensificou a guerra comercial entre os dois países e gerou instabilidade em Wall Street.
Trump reconheceu que sua política tarifária agressiva trará custos e desafios econômicos no curto prazo. “Mas, no final das contas, será algo positivo”, afirmou durante uma reunião em Washington.
Mercado de dívida americana e recuo estratégico
A tensão comercial também impactou o mercado de títulos da dívida pública dos EUA. Pressionado pela volatilidade nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, Trump recuou parcialmente em sua estratégia tarifária. Analistas apontam que a venda acelerada desses títulos nos últimos dias foi determinante para essa mudança.
O rendimento do título público americano com vencimento em 10 anos chegou a 4,5%, enquanto o de 30 anos ultrapassou 4,9%, indicando uma fuga de investidores preocupados com os riscos econômicos e políticos associados à política comercial americana. Alguns especialistas sugerem que essa instabilidade reflete uma perda de confiança no dólar e nos ativos americanos como refúgios seguros em tempos de crise.
Apesar da queda recente nos rendimentos após o recuo tarifário de Trump, analistas alertam para uma possível mudança estrutural na percepção dos títulos americanos como ativos confiáveis. O dólar também perdeu força frente ao euro, ampliando as dúvidas sobre o impacto econômico das políticas protecionistas do presidente.