A Casa Branca confirmou nesta terça-feira, 8 de abril, que as tarifas sobre produtos chineses serão elevadas para 104% a partir de amanhã, marcando uma nova escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. A decisão ocorre após Pequim manter suas tarifas retaliatórias de 34%, impostas em resposta às medidas anteriores do governo Trump. O presidente americano classificou a postura chinesa como “chantagem” e afirmou que continuará pressionando até alcançar um acordo favorável.
Impactos econômicos nos EUA e na China
Nos Estados Unidos, o aumento das tarifas deve refletir diretamente no bolso dos consumidores, que enfrentarão preços mais altos em produtos importados, como eletrônicos e vestuário. Empresas americanas com forte presença no mercado chinês, como Apple e Boeing, podem sofrer perdas significativas devido às retaliações chinesas. O setor agrícola também será duramente atingido, especialmente os produtores de soja e carne, que dependem das exportações para a China.
Na China, as exportações para os Estados Unidos serão prejudicadas, particularmente nos setores de tecnologia e manufatura. Em resposta, o governo chinês busca diversificar suas parcerias comerciais e acelerar o desenvolvimento tecnológico interno em áreas estratégicas, como semicondutores, para reduzir sua dependência de insumos externos.
Riscos para a economia global
Especialistas alertam que essa escalada protecionista pode desacelerar o crescimento econômico global. A fragmentação das cadeias de suprimentos e a instabilidade nos mercados internacionais são preocupações crescentes. Países emergentes que dependem da demanda chinesa, como Brasil e Austrália, podem sofrer impactos indiretos devido à redução do consumo na China.
Resposta da China
Pequim prometeu “lutar até o fim” contra o que considera uma tentativa de coerção por parte dos EUA. Além das tarifas retaliatórias, o governo chinês tem adotado medidas como controles de exportação sobre minerais raros e investigações antimonopólio contra empresas americanas. A desvalorização do yuan também é utilizada como estratégia para tornar os produtos chineses mais competitivos no mercado internacional.
Mercados globais em alerta
Os mercados financeiros reagiram à intensificação das tensões comerciais. O Ibovespa acumulou queda de 4,3% nas últimas sessões e recuou 1,32% nesta terça-feira, enquanto o dólar atingiu R$ 6 pela primeira vez desde o início da crise tarifária. Nos Estados Unidos, os principais índices de ações oscilaram entre perdas e ganhos; o índice Nasdaq caiu 2,09%, enquanto o S&P 500 recuou 1,55%.
Na Ásia, as bolsas fecharam majoritariamente em alta após declarações do governo chinês acalmarem os mercados locais. Em Hong Kong, o Hang Seng subiu 1,51%, enquanto o índice Xangai Composto avançou 1,58%. Já na Europa, as bolsas registraram fortes ganhos após quedas recentes.
Setores estratégicos sob pressão
O preço do petróleo também foi impactado pela guerra comercial. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato WTI para maio caiu 1,85%, fechando a US$ 59,58 por barril. O Brent para junho recuou 2,16%, encerrando a US$ 62,82 por barril. A preocupação dos investidores é que as tarifas possam desencadear uma recessão global e enfraquecer a demanda pela commodity.
Enquanto isso, os preços do ouro subiram nesta terça-feira devido à busca por ativos seguros em meio à incerteza econômica global. O contrato para junho fechou em alta de 0,56%, a US$ 2.990 por onça-troy.