Em um movimento histórico para o futebol brasileiro, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou oficialmente nesta segunda-feira (12) a contratação de Carlo Ancelotti como novo técnico da seleção brasileira. O renomado treinador italiano, atualmente no Real Madrid, assumirá o comando da equipe pentacampeã mundial até o fim da Copa do Mundo de 2026.
Uma negociação complexa
A contratação de Ancelotti foi resultado de uma longa e complexa negociação que se estendeu por mais de dois anos. O processo enfrentou diversos obstáculos, incluindo duas recusas anteriores do treinador. Em 2023, o italiano optou por renovar seu contrato com o Real Madrid, e mais recentemente, chegou a recusar a proposta da CBF devido a vazamentos de informações e à presença de intermediários nas negociações.
Desfecho positivo só foi possível após dois movimentos decisivos: o Real Madrid sinalizou que seguiria com um novo treinador (provavelmente Xabi Alonso, atual técnico do Bayer Leverkusen), e o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, afastou das negociações todas as pessoas sem vínculo direto com a entidade. Ancelotti exigiu tratar diretamente com Ednaldo, sem intermediários, e dois advogados contratados pela CBF ficaram responsáveis por formalizar a proposta.
O “sim” definitivo do italiano foi dado no final da semana passada, após uma reunião realizada em 30 de abril em Madri, onde Ancelotti e o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, acertaram a saída do treinador um ano antes do término de seu contrato. A derrota do Real Madrid para o Barcelona por 4 a 3 no último domingo (11), que praticamente confirmou o título espanhol para o clube catalão, abriu caminho para o anúncio oficial.
Os termos do contrato
Acordo entre Ancelotti e a CBF inclui condições bastante atrativas. O treinador receberá um salário mensal de R$ 5 milhões e terá contrato válido até o fim da Copa do Mundo de 2026. Caso o Brasil conquiste o título mundial, Ancelotti receberá um bônus de 5 milhões de euros (aproximadamente R$ 31 milhões).
O contrato também prevê uma cláusula de renovação automática caso o Brasil chegue à semifinal do torneio, e será rescindido automaticamente, sem multa para nenhuma das partes, se a seleção não se classificar para o Mundial.
Além da remuneração financeira, o técnico italiano terá direito a diversas regalias, como uma casa de luxo no Rio de Janeiro, carro blindado, seguro de vida, equipe de segurança particular, plano de saúde internacional e um jato à disposição para viagens à Europa. O acordo também inclui a realização de um amistoso entre Brasil e Real Madrid.
Próximos passos
Ancelotti cumprirá seu compromisso com o Real Madrid até o final da temporada de La Liga, que termina no dia 25 de maio, e começará a trabalhar pela CBF no dia seguinte. Sua primeira missão será definir a lista de convocados para os jogos contra Equador e Paraguai, marcados para os dias 5 e 10 de junho, respectivamente, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.
O treinador se reunirá com Rodrigo Caetano, coordenador geral das Seleções Masculinas, e Juan, coordenador técnico, para definir a lista de jogadores. Esses jogos são cruciais para a campanha brasileira nas Eliminatórias, já que a seleção ocupa atualmente a quarta colocação com 21 pontos, dez a menos que a líder Argentina.
Um marco histórico
Ancelotti representa um marco histórico para o futebol brasileiro, sendo a primeira vez que a seleção será comandada por um treinador estrangeiro. Aos 65 anos, o italiano é considerado um dos maiores técnicos da história, tendo conquistado a Liga dos Campeões cinco vezes (duas pelo Milan e três pelo Real Madrid).
“Trazer Carlo Ancelotti para comandar o Brasil é mais do que um movimento estratégico. É uma declaração ao mundo de que estamos determinados a recuperar o lugar mais alto do pódio. Ele é o maior técnico da história e, agora, está à frente da maior seleção do planeta. Juntos, escreveremos novos capítulos gloriosos do futebol brasileiro”, afirmou Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF.
O anúncio ocorre em um momento delicado para a CBF, que enfrenta turbulências políticas. Ednaldo Rodrigues tem sido alvo de denúncias e ainda teme ser afastado do cargo pela Justiça. A expectativa é que a chegada de um treinador do calibre de Ancelotti possa reduzir a pressão externa sobre a entidade e mudar o foco para questões esportivas.
Com a missão de reerguer uma seleção que tem enfrentado dificuldades nos últimos anos, Ancelotti terá pouco mais de um ano para preparar a equipe para a Copa do Mundo de 2026, que será realizada nos Estados Unidos, México e Canadá.
