O Parlamento Europeu está no centro de um novo escândalo de corrupção envolvendo a gigante chinesa de tecnologia Huawei. Autoridades belgas investigam alegações de suborno a parlamentares e assistentes parlamentares com o objetivo de influenciar decisões legislativas em favor da empresa. Entre os alvos das investigações estão altos executivos da Huawei, que, segundo documentos judiciais, estariam cientes e teriam aprovado as tentativas de corrupção.
Prisões e Mandados de Busca
A investigação ganhou força após uma série de operações realizadas entre 13 e 17 de março, que incluíram 21 mandados de busca na Bélgica e em Portugal. Cinco pessoas foram formalmente acusadas por corrupção ativa ou lavagem de dinheiro. Entre os detidos está Lucia Simeone, assistente parlamentar do eurodeputado italiano Fulvio Martusciello, do partido Forza Italia. Simeone foi presa na Itália em 19 de março sob um mandado de prisão europeu emitido pela Bélgica. Ela nega as acusações, afirmando que atuava apenas como assistente pessoal e secretária.
Outro destaque foi a prisão do consultor português Nuno W.M., ex-conselheiro do mesmo eurodeputado, detido na França em 13 de março. Ele aceitou ser extraditado para a Bélgica, onde enfrentará as acusações.
Modus Operandi
De acordo com os promotores belgas, as práticas ilícitas ocorreram desde 2021 sob o disfarce de lobby comercial. As estratégias incluíam pagamentos em dinheiro para garantir apoio político, presentes caros, como smartphones Huawei, viagens e ingressos para jogos de futebol. Em um caso específico, parlamentares teriam recebido até €15 mil para assinar uma carta defendendo os interesses da Huawei junto à Comissão Europeia. As investigações também apontam que os subornos visavam neutralizar pressões dos Estados Unidos contra a adoção da tecnologia 5G da Huawei na Europa e combater alegações de espionagem associadas à empresa.
Medidas Preventivas
Diante das suspeitas, o Parlamento Europeu tomou medidas imediatas para limitar a influência da Huawei. Representantes da empresa foram temporariamente banidos das instalações do Parlamento em Bruxelas, Estrasburgo e Luxemburgo. Além disso, contatos entre os lobistas da Huawei e membros do Parlamento foram suspensos.
