Um AVC, ou acidente vascular cerebral, representa uma emergência médica que pode ter consequências devastadoras, especialmente em pessoas com mais de 60 anos. Segundo a neurologista Caroline Loos, do Hospital Universitário de Antuérpia na Bélgica, cerca de 80% dos casos de AVC podem ser evitados, principalmente por meio de mudanças no estilo de vida e controle de fatores de risco.
O AVC ocorre quando há uma interrupção no fornecimento de oxigênio e nutrientes ao cérebro, seja por um coágulo que bloqueia uma artéria (AVC isquêmico) ou pela ruptura de um vaso sanguíneo (AVC hemorrágico). A maioria dos AVCs, aproximadamente 80%, são do tipo isquêmico, e os sintomas iniciais incluem assimetria facial, dificuldades na fala, paralisia de um braço, vertigens, problemas nos movimentos oculares e fraqueza facial. Reconhecer esses sinais rapidamente e agir imediatamente é fundamental, pois a perda de neurônios ocorre a uma taxa de cerca de 1,9 milhão por minuto durante um AVC causado por coágulo.
Globalmente, cerca de 15 milhões de pessoas sofrem AVC a cada ano. No Brasil, o AVC é responsável por cerca de 110 a 120 mil mortes anuais, o que equivale a aproximadamente 343 vidas perdidas por dia. Em 2023, foram registrados 110.818 óbitos por AVC até novembro, e em 2024, até agosto, já haviam ocorrido mais de 50 mil mortes pela doença. Estima-se que o país tenha entre 232 mil e 344 mil novos casos de AVC por ano, ou seja, quase mil casos diários, o que representa um AVC a cada 1,5 a 2 minutos. Esses números refletem a gravidade do problema no Brasil, onde o AVC é a principal causa de morte entre adultos e uma das maiores causas de incapacidade.
Embora o envelhecimento seja um fator de risco importante, a maioria dos AVCs está relacionada a hábitos de vida. Entre as principais recomendações da neurologista estão o controle regular da pressão arterial, a cessação do tabagismo, a atenção ao colesterol ruim (LDL), a manutenção de um peso saudável, a prática regular de exercícios físicos, o consumo moderado de álcool e a garantia de uma boa qualidade de sono.
Especificamente, a hipertensão arterial é o principal fator de risco, muitas vezes assintomático, e deve ser monitorada regularmente. O tabagismo aumenta em 2,5 vezes o risco de AVC, e o controle do colesterol, especialmente evitando o LDL elevado, é essencial. Uma dieta mediterrânea, rica em frutas, vegetais, peixes e azeite de oliva, ajuda a manter níveis saudáveis de colesterol.
Além disso, a obesidade, o sedentarismo e o consumo excessivo de álcool aumentam significativamente as chances de um AVC. A perda de peso gradual, aliada à atividade física regular, pode reduzir o risco. Recomenda-se pelo menos 150 minutos de exercício por semana, como caminhadas ou uso de escadas, além de evitar o consumo excessivo de álcool, que está presente em 15% dos AVCs.
Um sono de qualidade também desempenha papel importante na prevenção, sendo indicado dormir entre 7 e 9 horas por noite e evitar estímulos como telas ou cafeína antes de dormir. Para quem ronfa, a avaliação de apneia do sono é aconselhável, pois há um aumento de 60% no risco de hipertensão, fator que eleva o risco de AVC.
Por fim, a abordagem multidisciplinar é fundamental, especialmente em grupos de risco, como idosos, que apresentam maior vulnerabilidade devido ao envelhecimento, hipertensão, colesterol alto e problemas cardíacos como fibrilação atrial.
Em suma, a prevenção do AVC é possível na maioria dos casos, e a conscientização sobre os fatores de risco e a adoção de hábitos saudáveis podem reduzir significativamente a incidência dessa doença que, apesar de sua gravidade, é altamente evitável.